29/12/05: Pres. Roque Saenz Peña/ARG - San Salvador de Jujuy/ARG
Tomamos café num posto YPF da cidade, tentando esquecer a noite mal dormida. Vou numa loja de autopeças da cidade para comprar uma lâmpada H1 para meu farol, já que eu havia levado H3 por engano. Troco a lâmpada e saio atrasado. Aliás, saímos de Saenz Peña totalmente separados. Marcelo e Marco Polo foram na frente, Erlon e João Celso atrás, eu por último. Com pouco tempo de estrada, aparece uma saída à direita, pessimamente sinalizada. Os mapas não mostram essa saída, mesmo porque não se muda de estrada. Achei ter visto uma placa que sinalizava Salta (para onde estávamos indo) à direita, mas não tinha certeza. Parei no trevo. Fui checar uma placa adiante e os pedestres começaram a me apontar a estrada "certa", dizendo que motos haviam seguido naquela direção. Então, peguei a tal estrada "certa". Marcelo e Marco Polo também acertaram essa bifurcação, mas Erlon e João Celso passaram reto e andaram 70 km até perceber o equívoco. Quando se erra, praqueles lados, só com bússola, GPS... Não espere placas. Aí começa o pior trecho da viagem, disparado. Neste trecho, passa-se por uma "cidade" chamada Pampa del Infierno, o que me levou a batizar carinhosamente toda essa região do Chaco argentino como "Pampa dos Infernos". O calor é realmente infernal e não há infraestrutura. Os postos são feios e minimamente equipados. Um deles não tinha gasolina, outro não tinha luz, e por aí vai. Neste trecho, tirei a jaqueta e as luvas. Não estava me sentindo bem. A temperatura passava fácil dos 45º C. A cada parada nos postos, reabastecíamos os camelbaks e tomávamos banho com roupa e tudo pra tentar amenizar a sensação térmica extremamente desagradável. Mas bastavam cinco minutos de estrada para se estar com a roupa seca de novo. Neste trecho, fomos parados por alguns policiais. Não nos pediram propina, apenas checaram os documentos. Não sei o que fariam se os documentos não estivessem em ordem. Eles não têm carros, não têm rádio, não têm nada. Chega a dar pena. Um dos policiais apareceu portando uma arma curiosa no coldre: um estilingue, feito de galho de árvore e tripa de mico. Os "postos policiais" são casinhas sem conservação nem recursos, no meio do nada. Foi aí também que pegamos o único trecho ruim de estrada de toda a viagem. Em compensação, é uma quebradeira de respeito, alternando asfalto (pouco) e terra (muita). O problema é justamente o encontro entre os dois tipos de piso, que forma quinas que podem estragar os pneus e as rodas. Eu, de KTM, e o Marco Polo, de DR800, logo ficamos de pé nas motos e fomos embora, nos divertindo. O Erlon estava um pouco inseguro por causa do excesso de bagagem e segurou um pouco. Marcelo até tentou andar mais rápido, mas logo um buraco tirou a VStrom, ele e Karla do chão e, após o breve vôo, onde ele pensou "danou-se" e ela pensou "lá vamos nós de novo", ele resolveu ir bem devagar. Após rodar o dia todo com muito calor, alguma quebradeira, paradas para checagem de documentos junto às "otoridades" locais, chegamos a San Salvador de Jujuy. Cidade bem bacana, e já fresca devido à maior altitude em relação ao Chaco. Paramos na central de informações ao turista e um local, apaixonado por motocicletas, se ofereceu para nos guiar na cidade, encontrando um hotelzinho bem gostoso e com preço razoável. Mais à noite, saímos para jantar e depois fomos a uma loja de bebidas para comprar a champanhe para o Réveillon. A Argentina está excelente para compras, o câmbio está muito favorável para nós, brasileiros.
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